domingo, 12 de setembro de 2010

Cólicas


Drauzio Varella Anatomicamente, como se pode explicar a cólica menstrual ?

Mara Diegoli – O útero é um órgão de 7cm com o formato de uma pêra, constituído por três camadas: externa, média e interna. A camada interna é a responsável pelo aparecimento das cólicas menstruais. Todos os meses ela cresce, fica bem grande à espera do embrião. Se ele não vem, a camada interna descama em forma de sangramento, a menstruação e, enquanto descama, libera prostaglandina que faz o útero contrair para eliminar o sangue. Essa compressão comprime os nervos e os vasos que passam pelo músculo uterino. Por isso, a mulher sente dor.

DrauzioPor que a intensidade da dor varia de uma mulher para outra

Mara Diegoli – Se a tensão pré-menstrual ocorre nas mulheres com mais idade, a cólica menstrual acomete mais as adolescentes, porque seu útero ainda é pequeno e o orifício de saída mais fechado. Ora, agindo em grande quantidade e não conseguindo escapar do local, a prostaglandina faz com que o útero se contraia e contraia com mais intensidade e isso provoca dor forte. À medida que a adolescente vai ficando mais velha, seu útero cresce e a prostaglandina liberada tem espaço para espalhar-se. Além disso, especialmente quando a mulher já teve filhos, o colo uterino mais aberto facilita a saída do sangue e da prostaglandina.

Drauzio A cólica menstrual pode ser minimamente sintomática ou muito forte. Por quê?

Mara Diegoli – As pesquisas mostram que 25% das mulheres não sentem cólicas menstruais e que 75% sentem cólicas em diferentes graus de intensidade. Desses 75%, um quarto sente dor muito forte. É o caso da menina que sai de casa bem, vai para a escola e de repente menstrua e acaba no pronto socorro por causa da dor.

Drauzio Qual a localização das cólicas menstruais?

Mara Diegoli – Localizam-se sempre no baixo ventre. É uma dor referida que se irradia para as costas e confunde-se com a das cólicas intestinais, especialmente porque a prostaglandina também age no intestino que fica mais irritável.

Drauzio Quais as principais características da dor da cólica menstrual?

Mara Diegoli – É uma dor aguda e intermitente, que dura um, dois, às vezes, quinze segundos ou até um minuto e passa, mas volta em seguida com toda a intensidade. É uma dor seqüencial: dói/passa, dói/passa, volta a doer e a passar. Sem medicamento, ela perdura por algumas horas ou alguns dias.

Drauzio As mulheres conhecem mil receitas que herdaram de suas mães e avós para combater as cólicas menstruais. O que pode melhorar e piorar a cólica menstrual?

Mara Diegoli – As mulheres mais velhas diziam que a dor piorava quando tomavam banho frio e lavavam a cabeça. Piorava mesmo, porque água fria promove o estreitamento dos vasos. Como a prostaglandina não tem por onde fugir, sua presença aumenta as contrações uterinas e a dor fica mais forte. Ao contrário, o calor é bem-vindo. Quando a mulher usa bolsa de água quente, os vasos dilatam, a prostaglandina vai embora e a intensidade da dor diminui.

Drauzio Como você orienta a mulher que uma semana antes da menstruação começa a sentir-se tensa, irritada, com dor de cabeça e indisposta?

Mara Diegoli – A primeira orientação é que a mulher passe a registrar os sintomas num calendário. Se a dor de cabeça manifestar-se no período pré-menstrual e menstrual, não há dúvida de que está relacionada com a produção de hormônios.

DrauzioQuais os medicamentos indicados para combater as cólicas menstruais?

Mara Diegoli – Existem medicamentos de vários tipos, como os analgésicos e os antiinflamatórios. O problema é que a mulher aprende a automedicar-se e isso está errado. Bons medicamentos para controlar a dor podem provocar efeitos colaterais indesejáveis se tomados com muita freqüência. Por isso, ela só deve tomar remédios prescritos por um médico. Normalmente, inicia-se o tratamento com os mais leves, com menos efeitos colaterais adversos. Se a resposta não for satisfatória e a dor continuar forte, muda-se o medicamento. Existem os que fazem parar as contrações uterinas e os que impedem a produção de prostaglandina. Desaparecendo o fator causal, a dor passa.

Luiz Rodrigo Valvassoura – Franca/SP O uso de anticoncepcionais contribui para o aumento da dor?

Mara Diegoli – Ao contrário. Os anticoncepcionais diminuem a produção de prostaglandina, portanto melhoram muito a dor. Às vezes, a adolescente começa a tomar pílula e as cólicas diminuem de intensidade.

Sayonara Pinto Zatta – Vila Velha/ESA cólica menstrual é um sintoma obrigatório na vida da mulher?

Mara Diegoli – Não é. Ao contrário, a mulher não veio ao mundo para sofrer. Se tem cólica, deve procurar tratamento, que hoje existe e é eficaz.

Fonte: http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/736/colicas-menstruais/pagina2/sintomas-da-tpm

Nenhum comentário:

Postar um comentário